sábado, 20 de novembro de 2010

Reflexões sobre atual conjuntura dos estudantes da UNICAMP

Como estudante da UNICAMP estou acompanhando de perto a discussão que vem rolando sobre a disputa entre moradores e estudantes universitários. A briga começou pela intensificação das proibições a festas e reuniões na UNICAMP. Essa questão superficial, que não vou comentar, está inserida em uma outra muito mais ampla e é reflexo do que vem acontecendo com a educação no Brasil nos últimos anos.

A real discussão que deveria ser feita é qual o papel da universidade pública no Brasil e como a sociedade enxerga as universidades públicas e estudantes universitários brasileiro. Atualmente, a universidade é enxergada pela sociedade como um ambiente de preparação e passagem do adolescente recém saido da escola para o mercado de trabalho. Nesse sentido, o estudante não teria uma função social muito importante. Ele está nessa posição temporariamente e por isso ocorre o desprezo da sociedade. Nesse sentido geral, a universidade pública fica totalmente perdida. A existência de toda uma infra-estrutura montada em um campus de proporções gigantescas se torna um desperdício e até uma incoveniência. Para esse objetivo, uma universidade montada em um prédio seria o mais suficiente e eficiente. Além disso, o mais preocupante é que sob esse sentido mais geral a universidade pública é mais excludente ainda, pois o processo seletivo permite que apenas as elites privilegiadas tenham acesso a essas universidades e a sua vantagem perante os demais na busca do emprego se torna maior ainda.

Entretanto, algumas observações se colocam. As universidades públicas brasileiras, em especial as paulistas, são responsáveis pela quase totalidade das publicações e inovações tecnológicas brasileiras. Se essas inovações não se dão em salas de pesquisas dentro das universidades geralmente ocorrem através de empresas geradas por spin-offs provocados pelas universidades. Ainda seguindo o mesmo raciocínio, as universidades públicas brasileiras vem ganhando posições em ranking internacionais.

O papel da Universidade Pública deveria ser o de promover a educação pública, o desenvolvimento nacional e o compartilhamento de seus resultados com a sociedade brasileiras. Sob esse sentido, a sociedade iria reconhecer o status e a importância dessas instituições. A luta por maiores recursos e melhor infra-estrutura iriam ser respaldadas pela população e os estudantes dessas instituições iriam ser reconhecidos como atores do desenvolvimento brasileiro.

Fica claro o apelo popular das medidas tomadas recentemente por membros da Associação de Famílias Únicas de Barão Geraldo contra os estudantes e as festas no campus da universidade. Entretanto, mesmo com essa dificuldade atuando contra o movimento estudantil, existem medidas pragmáticas que poderiam resultar em um melhor apoio dos moradores de Barão Geraldo em torno das reivindicações dos estudantes.

O mote do campus como espaço de socialização do bairro deve ser evidenciado e trazido à frente de todas as discussões. Antes de levantarmos temas como "fora PM do Campus" devemos levantar o tema "Moradores dentro do Campus". Para isso, o DCE deveria se atualizar. O diretório central do estudantes deveria criar uma diretoria só para promover a integração dos moradores de Barão Geraldo com a UNICAMP. Essa diretoria promoveria eventos culturais (com exceção de festas) e esportivos para atrair mais pessoas para dentro do campus. Idéias como a volta ciclística da unicamp é um exemplo. Por isso, como primeiro tema sugiro:

O Conseg, conselho de segurança de Barão Geraldo é hoje uma das maiores ferramentas de opressão aos estudantes em Barão Geraldo. Desse modo, os estudantes devem fazer-se valer do seu potencial de mobilização para ocupar politicamente esse conselho. Os estudante podem e devem constituir-se como uma voz política dentro de seu bairro e assim requisitar que seus direitos sejam respeitados.

Os orgãos de representação estudantis devem agir pró-ativamente e pressionar a reitoria, com apoio do Conseg (ocupado politicamente pelos estudantes) para uma correção no regimento da UNICAMP no que tange a organização de festas. Ainda dentro dessa discussão esses instrumentos devem propor e cobrar que a UNICAMP crie um espaço regulamentado para a realização de grandes eventos culturais (incluindo festas) dentro do campus e que esse seja aberto a visitação do público 24 horas por dia.

A ARU, Associação de Repúblicas da UNICAMP deve se constituir realmente como associação representativa dos moradores de república e agir ativamente para a proteção dos interesses das repúblicas e da integração social destas com os demais moradores de Barão Geraldo. Para isso ela deve finalizar e oficializar seu estatuto e eleger uma diretoria. A ARU deve prestar assessoria jurídica a estudantes que se sentirem perseguidos por meio de um advogado contratado e remunerado por uma contribuição de cada república membro da associação. Como principal ofensiva aos intrumentos de opressão aos estudantes a ARU deveria processar publicamente os veículos de comunicação que agirem conscientemente contra a classe dos moradores de república.

Dessa forma, acredito que esse mix de propostas deveriam nortear o começo da luta dos estudantes da UNICAMP pelo seus direitos.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Bagagem

Engraçado, a pior coisa para mim quando vou viajar é fazer a bagagem, simplesmente eu não consigo decidir o que eu vou levar, o que é um problema para esse caso, já que eu vou ficar um bom tempo na Austrália. Acho que esse meu grande problema se deve principalmente ao meu maior problema, a organização. Essa palavra sempre me perseguiu. Nunca vou esquecer o meu primeiro fim de semana de treinamento na empresa júnior da minha faculdade, teve umas dinâmicas e numa delas você devia escrever seu maior problema e colocá-lo num balão que posteriormente outro iria pegar, estour-lo e enfim dizer como lidava com aquele problema. não preciso dizer que eu peguei um papel escrito organização. Infelizmente não soube o que dizer, e como sempre as pessoas fazem nessas horas eu falei um besteira, falei que era organizado na minha organização. Clichê e vexame totais não?

Voltando ao assunto. Coloquei mais coisas do que achei que ia usar e ao mesmo tempo preciso colocar mais coisas de outros tipos que vou precisar. A mala que comprei lotou (tipo mochilão) e faltam colocar lençóis e toalhas, além de mais algumas meias (nunca são demais ne?). O pior de tudo é que sempre esqueço de colocar algumas coisinhas e só vou lembrando aos pouquinhos, o problema é que muitas vezes so lembro quando é tarde demais. Como a minha última viagem para tóquio quando esqueci minha digital.

Enfim, No Japão está um calor infernal, não consigo dormir, estou muito ansioso para chegar domingo logo e entrar no avião e espero que enfim possa respirar o ar de Brisbane.

A hora do nervosismo

Agora faltam só 2 dias para a minha viagem para a Australia, o que esta me deixando com uma enorme inquietação. Não consigo mais pensar em nada, a não ser como vai ser lá, o que vou fazer, como vou me adaptar e essas coisas. Acho que todos passam por isso então acho que vocês me entendem.

Final de semana passada fui conhecer Tóquio, cidade que todos as pessoas no mundo deveriam ir alguma vez. A viagem foi incrível, curta mas extremamente intensa. Conheci pessoas novas, lugares diferentes (e Tóquio tem muitos deles) mas o que eu mais gostei mesmo foi a sensação que a minha fase Japão, imigrante trabalhador estava acabando e finalmente poderia voltar a retornar a minha fase estudante de novo. Se uma coisa realmente importante aconteceu no Japão (além de reencontrar meus pais) foi a a percepção que ainda não estou preparado para deixar minha vida de estudante universitário, festas, bebedeiras e outras coisas e passar a uma vida de responsabilidade atrás de responsabilidades. Sei que essa hora há de chegar, mas espero que chegue tarde o suficiente para que daqui a um nom tempo, quandoeu olhar para trás na miha vida eu possa encontrar bons e memoráveis tempos do Felipe sem juízo e responsabilidades, o tempo onde eu era simplesmente eu.

E vamos lá Austrália, acho que estou pronto. Sei que não vai ser moleza, que vou ter que trampar e estudar, mas espero que ainda sim consiga voltar a minha fase estudante de verdade.

Fui.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Japão para a Austrália - CONFIRMADO

Finalmente!!!!! Meu visto saiu!!!!
Acho que um dos melhores momentos pra quem vai viajar para passar um tempo em outro país é justamente receber a tão aguardada notícia. Foi assim com meu visto para o Japão e se repetiu agora com a confirmação do meu visto para a Austrália. Dei entrada para o visto no dia 9 de maio, fiz o exame médico no dia 20 e agora, quase um mês depois sai finalmente o visto. Nesse meio tempo, por mais que todos digam que o visto sempre sai, por mais que digam que o tempo é de tantas semanas. Podem dizer de tudo, mas o fato é... ninguém consegue nos acalmar. A única coisa possível é esperar e quando o visto chegar, suspirar.

Uma coisa descobri ao menos... Tirar o visto para a Australia é mto fácil... Após inúmeras cagadas que eu fiz descobri que é quase impossível ter um visto negado a partir daqui, desde que você cumpra os requesitos mínimos, tais como os famigerados 1000 dólares por mês.

E para os descrédulos que pensam que tudo pode dar errado com eles (eu, por exemplo) vou contar as minhas peripécias para conseguir o visto. Foi incrívelo número de cagadas que fiz e ainda sim consegui tirar esse bendito visto.

Meu plano inicial era ir para a Australia em julho e fazer um curso de 24 semanas, o que daria 7 meses e voltaria para o Brasil em fevereiro para março e assim continuar a minha faculdade no Brasil. contatei a empresa e praticamente fechei o curso. logo após mudei de idéia e resolvi alterar a duração do curso para 29 semanas na Shafston de Brisbane.
Preenchi todas as fichas para o visto, inclusive colocando nela uma alergia de pele brava que tinha pego na época e provavelmente não estaria curada no dia do exame.
Surge um problema. 4 dias antes do exame eis que perco o meu celular. e o pior é que no Japão as pessoas só colocam o celular nas fichas que preenche, e era o número do cel que estava no applicattion. E até o dia do exame, nd do cel.
Chega o dia do exame. Como meu japonês é péssimo levei comigo um amigo que sabe falar muito bem o idioma. Cheguei no lugar e assim que o médico viu minha ficha e conversou comigo logo atestou: "você não fala japonês neh? e seu inglês não é dos melhores. Como uma pessoa como você vem para o Japão e depois tenta ir para a Australia?" Nessa hora eu gelei. Fiquei tão nervoso que nem conseguia falara com ele em inglês, e por sorte tinha esse amigo fazendo tradução ao lado. Quando tive que explicar pro cara que eu tinha perdido o cel e por isso eu tinha que trocar o tel de contato o médico olhou para mim e balançou a cabeça. disse: "você perdeu o cel? você deve ser mais responsável! vai para outro país! e se vc perdesse o passaporte?"
Quem ve os comentários em fóruns sobre a australia e ve que no exame médico o médico nem olha a sua cara nunca passou pela mesma coisa no Japão. O médico ficou comigo na sala por quase 1 hora!!! O homem me encheu de perguntas!! E ainda tem mais... Quando ele viu que eu tinha colocado sobre a alergia e me olhou e disse: "Vc não pode colocar essas coisas, vc tem que ser perfeito na ficha".
Em suma, nos primeiros minutos de consulta já fiquei hiper nervoso. Mas.... quando tudo parecia perdido... eis que as coisas mudam. O médico percebeu que eu estava nervoso e começou a puxar papo, me acalmou, fez piadas e esperou até eu começar a relaxar... Felizmente o médico começou a ser muito gente boa, e até alterou um resultado de um exame. Ele veio e me disse: "esse exame de vista não deum um resultado muito bom, vou dar uma melhorada nele". No final das contas ele chegou, me disse para ficar calmo que o visto ia sair.

OBS: No final, ele chegou e perguntou. "você tem condições de ficar sozinho por lá?" ao que respondi: "olha só, vivi três anos sozinho no Brasil na faculdade, 6 meses aqui no japão, acho que na australia deve ser bem mais facil neh?". Ele só deu risada e deu um tapinha nas minhas costas.


Se você teve coragem de ler até aqui fica a moral da história:
"Do japão para a Australia só não vai quem ja morreu"

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Pequenas Comparações

Uma das partes mais interessantes de morar fora do Brasil com certeza são as pequenas comparações a que nos somos pegos. Isso se deve principalmente ao fato do Brasil ser um país tão único, mas tão único, que é muito mas muito diferente das maiorias dos países que recebem as correntes migratórias brasileiras. Não vou nesse post tentar tratar de alguma tese sociológica sobre sobre o brasileiro, dado que intelectuais muito mais ilustres e commpetentes que eu já o fizeram e para isso recomendo a leitura insubstituível de pessoas como Gilberto Freyre, Mario de Andrade e Sergio Buarque de Holanda.

O objetivo desse post é o de explicitar essas diferenças existentes entre o Brasil e o Japão. Infelizmente não posso dizer todas as diferenças pois não estive totalmente entregue à sociedade japonesa, mas algumas pequenas diferenças nos são perceptíveis em pouco tempo. Aí vão:

- Pontualidade britânica: Por incrível que pareça, essa frase deveria ser pontualidade japonesa, já que a maior falta de educação possível no Japão talvez seja a falta de pontualidade, a ponto de essa ser um dos grandes parâmetros para um julgamento de caráter aqui. Esse rigor com os horários é o reflexo da rigidez existente aqui com padrões, normas e tradições. Voltando ao assunto, o rigor com horários é tão grande que os horários dos trens e metrôs são seguidos a risca (tipo 14:52) e às vezes com precisão de segundos (tipo 14:52'32''). E não se engane!!! os horários sempre são cumpridos, tanto que um dos maiores motivos de acidente de trem (raros, mas existentes) são a aceleração de de trens para manter o horário.

-Rituais, Rituais e mais Rituais: O pão possui uma cultura milenar, talvez por isso o Japão possui um ritual para tudo. É incrível como praticamente tudo aqui tem um ritual. Isso é realmente muito legal, porém não posso falar muito mais sobre isso pois não estive muito integrado a sociedade japonesa.

-Respeito às normas: realmente as leis funcionam aqui no Japão. Nunca vi um respeito tão grande às leis, seja de trânsito, de boa convivência ou criminais. Mas não se engane, aqui não é perfeito, mesmo no Japão há leis que não pegam, por exemplo, recentemente o governo endureçeu as leis aos ciclistas aqui do Japão, cabe ressaltar que praticamente aqui todo mundo usa bicicleta, mas todo mundo mesmo (de empresários a crianças), o governo quis acabar com um costume japonês de andar de bicicleta lendo jornal, usando celular, lendo livros, usando guarda-chuva... (pode acreditar, japonês consegue tudo isso). A multa seria gravíssima, algo em torno de 500 dolares para quem fosse pego nessa infração. a lei seria implementada por um tempo para teste. Resultado: hoje revogaram a lei, pq a maioria da população ignorou-a.

-Bicicletas: Uma das coisas que você mais vai ver no Japão são as bicicletas. Todo mundo usa, é incrível.

- Seguem agora pequenas diferenças:

-Japonês dirige do "lado contrário"
-Quando você esta em uma escada rolante, caso não deseje subir com rapidez, fique do lado esquerdo, pois o direito fica livre para quem quer subir rápido
-Toda vez que vocês entram em alguma loja você irá escutar : Irashaimase (sem tradução), mas significa que você é bem vindo.


Bom... outras diferenças não lembro agora, mas fiquem tranquilo. Logo vem mais. Daqui a pouco posto as minhas críticas... E elas são bem ácidas, hehehe...

domingo, 8 de junho de 2008

Donnie Darko


Sei que o blog é sobre viagens e coisas do tipo, porém não poderia deixar de postar sobre um do melhores filmes que assisti esse ano, já que esse filme também é uma viagem. Se trata do filme que ja se tornou um cult do cinema, se trata do filme Donnie Darko. Desde o ano passado eu tinha vontade de ver esse filme, quase todos da minha república (que é uma das coisas mais legais de fazer faculdade fora de casa, mas qualquer dia eu faço um post para isso) ja haviam assistido o filme.
O que me impressionou mais no filme é que ele possui uma trama envolvente, que faz você querer saber realmente o que vai acontecer. Porém sei que o filme não irá agradar a todos, principalmente os que só gostam dos blockbusters americanos, já que esse filme foi um fracasso de bilheteria no EUA e só foi lançado em DVD no Brasil, onde nem teve espaço nos cinemas.
O único problema é que eu detestei a sinopse dos filmes que achei em alguns sites. Muitas colocam o filme simplesmente como a história de um garoto louco que sai por aí matando gente. Porém a Sinopse certa seria a história de um garoto, que possui problemas psicológicos, que em certo momento de sua vida escapa de um desastre que poderia ter causado a sua morte por causa de uma visão e assim tenta descobrir o motivo da visão, enfrentando assim a outras pessoas que o consideram louco e até a si mesmo. (talvez essa sinopse seja pior ainda, hehehe)
Fica aí a sugestão, quem tiver afim de assistir um bom filme ganhou uma dica, porém desde já fique sabendo que o filme é longo, mas compensador.

Quase que mudando de assunto. Esses dias eu estava assistindo o Programa do Jô aqui em casa quando um dos entrevistados deu uma descrição para gosto por filmes que se encaixou como uma luva para mim. Segue a citação: "Eu gosto de filmes com começo, meio e fim. Eu gosto de filme alegre, mas tem gente que detesta. Se tiver um sorrisinho então, entra até em depressão". Eu gosto de filmes, gosto bastante de comédias românticas (com a Julia Roberts então...), de comédias em geral, de filmes de ação... Mas quando o filme me faz parar pra pensar nele depois que ele acaba, eu simplesmente acho magnífico. acho que a cultura em geral mais que propocionar o deslumbramento perante a beleza, ou provocar alegria, deve despertar o cerébro, deve vir até você e fazer pensar "como aquilo ocorreu, o que será que ele quis dizer com isso?". Quando um filme tem essa capacidade, de fazer eu parar e pensar o que ele quis dizer é que eu coloco ele na minha lista dos favoritos.

Primeiro Post

Mais uma vez começo o que talvez abandone daqui a um tempo.

É com essa frase que gostaria de começar o meu mais novo projeto na internet. Esse blog será destinado a publicar informações, idéias e tudo o mais do que for destinado as viagens que fiz, estou fazendo e farei.

O motivo da frase que inicia meu blog é que desde que comecei a usar a internet devo ter criado mais de 5 blogs. Acho que em 100% dos casos eles não devem ter superado os 4 posts. Portanto, espero que dessa vez eu supere essa minha tradição.